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.“O chamado staff científico é composto por estudiosos de várias áreas, especialmente teóricos do teatro e antropólogos, ligados a universidade e centros de pesquisa. Podem participar das aulas práticas e atuam como dinamizadores nos chamados Gardens – grupos de trabalho em que se discutem temas ligados a antropologia teatral, os Gardens se destinavam instituir ao ar livre: A terceira parte da manhã destina-se ao trabalho com os grupos temáticos, designados Um Jardim de Luz e Sombras – a técnica das oposições, ou, mais simplesmente, Gardens (Jardins), como o chamávamos”... (MARIZ, 2008, p. 21. A ostra e a pérola)

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Direito ao jogo e a brincadeira.

Artigo 58

Todo ser humano tem direito ao jogo e a brincar com os comportamentos e os valores do velho mundo

1.
No jogo da vida, não se trata de a perder nem de a ganhar, mas de destrinçar, no meio do labirinto das solicitações quotidianas, os caminhos da fruição, onde se desfazem as conjuras da infelicidade. O jogo da vida elimina os jogos da morte, os únicos a que, até agora, foi dada primazia pelo império do interdito e da transgressão, da competição e da concorrência, da vitória e da derrota.

Comentário.
  Ao dissociar a actividade lúdica da actividade criadora, a economia transformou o grande jogo da vida numa sucessão de jogos para morrer. A civilização mercantil sujeitou o prazer de jogar as regras e as desregulamentações da predação.  O trabalho e as suas recreações fizeram do homem mecanizado um guerreiro cujo repouso está ligado ao martírio das populações civis, á caça ao homen e aos animais, ao amor considerado como conquista e apropriação, á violência desportiva onde os desejos mortificados se satisfazem, á arte e ao pensamento abastardos pelo engodo do dinheiro e da fama, ás frustrações do turismo, e por aí fora.


O jogo é a ocupação primordial da criança. Mereceria inspirar o conjunto das ocupações humanas, e nmão servir de motivação para os comportamentos mais degradantes: a predação, o arrivismo, a guerra, a apropriação, a avidez consumista, a representação espectacular, o clientelismo, a violência exercida contra nós próprios e contra os outros.

2. O jogo do prazer pessoa e da emulação é incompatível com as demonstrações da vontade de poder, o ordálio da prova e das provações, a concorrência, a competição a lei do mais forte e do mais astuto, a não ser para os infrigir e para fingir que os observamos retirando-lhes todo poder coercivo.

Comentário;

Libertado da alienação económica, o jogo não se preocupa com a autoridade nem com o sagrado, não se interessa por ganhar ou perder, não reconhece regras imutáveis, para além das disposições convencionais cuja pertinência se limita ao prazer que provocam; pois ele é semelhante a essa realidade cambiante e caprichosa que as crianças suscitam na livre diversidade da imaginação. Os obstaculos que inventa fazem apelo á emulação e não a competição, a superação de si e não ao vexame, ao afinamento da fruição e não as compulsões do tédio. Detém por excelência o poder de superar o comportamento lúdico dos mamíferos mais evoluídos e daí extrair o progresso humano que as sociedades economizadas ignoraram.




Raoul Vainegem, Declaração Universal dos direitos do ser humano,
Situacionista.

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