O QUE SOMOS?

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Rio Grande do Norte
.“O chamado staff científico é composto por estudiosos de várias áreas, especialmente teóricos do teatro e antropólogos, ligados a universidade e centros de pesquisa. Podem participar das aulas práticas e atuam como dinamizadores nos chamados Gardens – grupos de trabalho em que se discutem temas ligados a antropologia teatral, os Gardens se destinavam instituir ao ar livre: A terceira parte da manhã destina-se ao trabalho com os grupos temáticos, designados Um Jardim de Luz e Sombras – a técnica das oposições, ou, mais simplesmente, Gardens (Jardins), como o chamávamos”... (MARIZ, 2008, p. 21. A ostra e a pérola)

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Relações de poder, a representação do peso do machismo e dos privilégios, e o que é reprodução e o que é intrínseco.
Tudo relacionado, arte vida, é o patriarcado, que é a hierarquização, que é o subjulgamento do outro que é inferiorizado e sujeito a castrações. Igrejas-banco-familia-estado-polícia.
O corpo e a sexualidade como criação artística. Foucault.
O falo de ouro.
Deixemos essas generalizações.
Horizontalizemo-nos.
Não aceitemos o higienismo pois ele não é apenas o branco da parede como falam os classicistas do DEART, ela é o oprimido socialmente, é o mendigo artista massacrado, são as famílias desalojadas com suas casas de oiticica, é a copa do mundo, e é também a autoridade da chefia se impondo para que a padronização aconteça para a estagnação geral e limitação das possibilidades livres.
Mesmo contra essa estrutura de sistema educacional colonizadora europeia-americana e de entender a necessidade de na academia se procurar essa linearidade, ainda acredito numa abertura de mente onde se tenha sensibilidade artística, ou melhor, sentimentos vividos em potência contemporânea, onde o suprasensorial seja sentido e as agressividades aceitas e-ou entendidas.
Bem cansativo o discurso do que é ou não é arte.
E os professores?
Um beijo para a galera neoconcreta.
Lygia Pape com fome.
Normatividade também é conformismo.
Esclarecimentos são desconstruções. Te soa agressivo?
A mídia tem falado muito em vandalismo e terrorismo. As palavras são repetidas, os alienados não leem dicionários, o Aurélio caducou.
Por tudo isso é que dizemos: a merda com tantas palavras elegantes e castradas, a merda com essa ciência superabstrata que não nos permite compreender e instrumentar a realidade em que estamos metidos. Ressituemos a Sociologia, a psicologia e a psiquiatria, depois de realizar um giro de 180 graus – e em vez de ficar olhando, como servos dependentes, a Europa e o imperialismo norte-americano, olhemos para o interior de nossa terra e, junto com o nosso povo, comecemos a inverter a perspectiva.
Analisemos as ideologias do ministério da educação, da igreja tradicional e também a ideologia caritativa das sociedades de beneficência, que engendra a degradação benevolente dos setores explorados da população.
Profanemos! Agamben!
Por mais poéticas públicas!
Frases da intervenção nas paredes:
-Só é arte se autorizado? E ARTEFATO?
-Demônios domésticos
-Perturbe sua mente
-ISSO OU ISTO
-O que importa a arte se o viver é uma arte?
-Aki trabalha uma princesa
-Na desordem do cosmos, na harmonia do caos, não há equilíbrio que me justifique
-Por onde anda sua arte que arde?
-Kd o povo que arde?
-Vai, que o muro é mole
-Vote em mim, filho de uma pura santa
-PixaCHÂO
-Beijo pras recalcadas
-Cú é lindo
-Ex-posição atemporal
-Meus olhos de lata queimada
-Faço amor com a parede
-Quando passar por aqui, lambaço de mim
-Sua crítica pobre e foi tudo perfeito
-Falta onde sente-se
-Quem é o cabeça? Que todxs a tenham
-Que bonito esse poema infinito...
Tripulação Garde NAU
-Chefe encharque chora que te ajudo
-Eu paguei então é meu?                                                    (De Bruno Alvaro)

quarta-feira, 20 de novembro de 2013



NATAL, 20/11/2013, UFRN, DEART
Fazemos desta, carta comunicado da desocupação do espaço do Departamento de Artes por parte do grupo instalado nos corredores e sala 04 do mesmo, desde o dia 07/11/2013, designado OkupaGarden.
Mais uma vez, a covardia e a falta de compromisso dos representantes do estado silenciou uma proposta que visava o aprimoramento e benefício social. Sentimo-nos traídos e amedrontados pelo seu poder absolutista irrefreável e incapaz de dialogo.
Em face das ameaças e manobras estratégicas para a tentativa de incriminar a valorização estética do prédio, desde a remoção do espaço de convivência construído pela arte cooperativa dos alunos, associando a intervenção da ocupação - legitimada e reconhecida por diversos professores e artistas como relevante e pertinente - a qualquer ato isolado sem resolução, em boataria de baixo nível intelectual ou requinte criativo, decidimos reformular nossa participação no processo de edificação de um departamento melhor para todos.
Associando a ocupação à arbitrariedade do Ilmo. Sr. Marcos Alberto Andruchak de suspender o acesso às salas do departamento e, assim, todo o funcionamento administrativo e as aulas, bem como a suspensão dos serviços de manutenção, já tínhamos perdido grande força estudantil, pois, infelizmente, também alguns professores sustentaram essa visão distorcida e interessada em suprimir a realidade desoladora dessa administração incompetente, inclusive coagindo alunos durante as aulas.
Um golpe mais duro sofremos com a sabotagem dos serviços de acesso à internet, que afetou unicamente o departamento de artes durante os últimos 07 (sete) dias, impossibilitando nossa comunicação para exposição da nossa versão dos fatos, sempre manipulada e floreada ao bel prazer da imprensa sensacionalista e à sombra dos interesses do comércio de senso comum. Hoje, no dia 20/11, ao primeiro sinal da desocupação, o serviço foi reestabelecido “milagrosamente”.
Ao sermos severamente coagidos pelo Ilmo Sr. Prof. Herculano Ricardo Campos também percebemos que a situação lidava com a criação de medo nos administradores, coagidos por sua vez pela grande mão do poderio de mais alto escalão, provavelmente. No entanto, não esperávamos a covardia e a baixeza desses senhores de promover um verdadeiro festival de boataria, associando atos de invasão e vandalismo em outro departamento à ocupação, permitindo que uma causa que levantou questionamentos estético filosóficos, administrativos e sociais fosse rebaixada a uma necessidade fisiológica de algum transeunte que encontrou a janela aberta e nenhum segurança a postos, mobilizando a força policial federal para a questão, ao invés de tomar o diálogo, tantas vezes prometido, como meio de solucionar a questão.
Acreditamos que, em algum momento, a verdade prevalecerá sobre a manipulação ardilosa desses senhores, corruptos em todos os 14 dias de ocupação. Pedimos esperançosos a averiguação imediata dos fatos, que permitiram que artistas chegassem a ser interrogados, pois é obvio que se trata de mais uma chula demonstração de despreparo e ignorância deles que, hoje também, faltaram ao serviço para com a comunidade acadêmica e, assim, faltaram com toda a sociedade que lhes assegura o emprego.
Abandonamos o prédio neste dia 20/11/2013 a fim de preservar o caráter pacífico e interessado na plena integridade moral, física, psíquica e espiritual dos artistas aqui empenhados. Integridade ameaçada pela total desconsideração por parte da reitoria, direção e chefia desse departamento que vem lidando com a questão de sua liberdade de expressão e infraestrutura básica de forma a não oficializar suas medidas com datas ou comprovação satisfatória ou, ao menos, crível.
Contando com a cooperação das autoridades envolvidas, temos este compromisso assinado pelo Prof. Olavo Bessa
aqui presente, comprometendo-se com a integridade física, moral e imputável pela ocupação e intervenções artísticas daqueles que agora abandonam o prédio, vistoriada e registrada em fotografias e vídeo.
            Esse é o começo de um longo processo artístico e informacional. Queremos educação de qualidade e respeito com a expressão do sujeito.
Grato e esperançoso; 


Comitê temporário de assuntos urgentíssimos.

quentinhas...

MARIA MINHA MARIA
NÃO DÊ DESGOSTO AOS TEUS PAIS
SE SAIR EU FECHO A PORTA
SE VOLTAR NÃO ABRO MAIS!!!

TRANCADOS DO LADO DE DENTRO!
QUEM SAI NÃO ENTRA MAIS É A ORDEM....

O que conquistamos?
Mais descaso, Professores.

Cercados de canalhas, os ocupantes estão temerosos de que as negociações sejam mais um tiro na água.
Aguardamos reforços. Traga sua câmera, que o show vai ser lindo nesse feriadão prolongado declamado pela nossa chefia.


RADIO GARDEN AO VIVO!!!!


terça-feira, 19 de novembro de 2013

É vento sem fim

Hoje, durante todo o raiar do sol e luar estamos propondo uma limpeza artística e poética no Departamento de Artes da UFRN, será um sarau, contínuo, atemporal - hoje, amanhã e sempre.
Com cortejos, muita musica, experimentações e improvisações.
Precisamos antes de tudo NOS valorizar, o DEART está cheio de gênios, vamos nos conhecer? Vamos nos aplaudir? Nos encantar? Precisamos SORRIR!
Traga pai, mãe, filho e tia, aqui também pode ser nosso atelier, nosso lugar de inspiração, de divulgação do que fazemos e por fim e não somente, felizmente um espaço de trocas e amizades!

Que tal?


É vento sem fim.


#OkupaGarden - se sentindo sensível.



Ass.
Sem fins lucrativos, comissão atemporal de assuntos estudantis.

(foto do ateliê do renomado e inspirador filosofo da pintura Francis Bacon)

19/11/2013 - 13o dia de okupaGarden - numa lan house, com R$1,50 no bolso para mandar um recado que fiquei devendo na quinta feira em diante...:

O DEPARTAMENTO DE ARTES DA UFRN CONTINUA A SER SUCATEADO PELO CHEFE E O DIRETOR: SEM INTERNET NAS DEPENDÊNCIAS MUITOS ALUNOS DEDICADOS À OCUPAÇÃO QUE REIVINDICA MELHORIAS, RESPEITO E LIBERDADE ESTÃO IMPOSSIBILITADOS DE COMUNICAR A FALTA DE BEBEDOUROS, PAPEL HIGIENICO, AS FALTAS ILEGAIS DOS FUNCIONÁRIOS, AS COAÇÕES E AMEAÇAS SOFRIDAS, O DESCASO DOS ORIENTADORES QUE SE RECUSAM A ORIENTAR EMBORA SEJAM PAGOS PARA ISSO, MANDAR UM "OI" PARA A FAMÍLIA E AINDA A PRODUÇÃO ARTÍSTICA QUE EM SEGUNDO ALGUM PÁRA. SÃO INÚMEROS DESENHOS, FRASES, RECADOS SENDO SOMADOS À O QUE PARECE CAMINHAR PARA A MAIOR, MAIS AMPLAMENTE DEBATIDA E MAIS DURADOURA INSTALAÇÃO INTERATIVA DE ARTE E AUTO GESTÃO DA HISTÓRIA DO RIO GRANDE DO NORTE, EM QUE MUITOS PUDERAM CONTRIBUIR, APRENDER, SOMAR, DIVERSIFICAR, VERSIFICAR, COLORIR, viver... PROMOVENDO ARTES E ARTES NOS JARDINS OU COLORINDO CARTOLINAS NA SUA TRADIÇÃO DE REVOLTA PRIMÁRIA.

Não perderemos a poesia de vista. Ela nos envolve o dia todo e toda a noite. Mas, no entanto, contudo, todavia, precisamos e precisamos dos serviços que estão sendo sonegados pelos patrõezinhos da UF. PRECISAMOS DA MIDIA INDEPENDENTE PARA ESCLARECER A REAL SITUAÇÃO DE INVENTIVIDADE E ARTIVISMO, sem sofrer mais preconceitos e tentativas de calunias infames nas redes sociais fraquíssimas em debate como facebook e jornais sensacionalistas interessados na manutenção do estado injusto!
Ajude-nos, colabore, comente com sabedoria, participe. A causa é nacional? Espero que nosso grito de gueto ressoe o proibido do mundo:

18/11/2013 – 12º dia da OkupaGarden

Transgênicos, derrubando mata e granjeiros prensando pintos. Isso é cultura.

Bunda sim.

O Papa e a ONU, a tarifa do ônibus, a próxima eleição, a miss da cidade, a propaganda antes do vídeo do youtube.  Isso é cultura.

É, Onu É?
Não. Não é.

O que se dá é relação, mais íntima e atuante que qualquer estudioso possa transcrever. Intima e fortuita. Propícia e frutífera até quando destrói os laços e usa as fitas no cabelo para sair mais bonita na foto. Somos hoje o próprio jardim. Somos a terra, a raiz e o fruto. Somos, de novo, tornados sementes.

O que se passa são escolhas que constroem, nas frações virgula zero zero sei lá não importa quantos segundos, o que tentamos congelar no termo c-u-l-t-u-r-a, mas ela é mutante mais que uma muda, “tudo é igual, no entanto, e contudo, estou mudo”. hÁ uma índia nos meus sonhos. Uma índia tarada, nua. Nua com sprays amarrados nos braços. Grafitando os muros das escolas municipais da periferia da grande Recife. Nua e linda grafitando os muros brancos do país, montada em um cavalo baio e com piercing no mamilo. Nua, me pichando. Dizeres pornograficamente lindos e em meio do sonho pra lá ela me olha e diz: O que eu varri da oca é mais universal do que eu esperava...vamos.

Hoje à noite, aqui em casa
Vai ter festa e trovoadas
Hoje a noite é nossa
E a chuva que se desfaça em trovões e raios que não me partam

Hoje o parto choroso
Merece lentes de contato
De tato saboroso de cheiros
Que transcrevam o amor nascido debaixo de lençóis manchados

Poesia de agora ou nunca
Promessa em eco
Ando
E a noite repleta de calçamento do terceiro mundo
Passa embaixo de mim

Estou além dos céus
Louco pra dar uma volta
Mas a chuva não sabe se cai
Ou não cai

Debaixo destas palavras é mais seguro
Então me asseguro de que dá pra segurar
Hoje,
à noite
Amanhã
eu durmo
O dia inteiro

Hoje à noite
está silencio

De ouvir carro de longe
Espero não seja um monge
nem a polícia

Hoje
à noite dedicado
o dia todo à noite inteira
E amanhã ao tombo n’água

Quero que a praia carregue o cansaço dos dias de clausura e prazeres

Hoje à noite eu danço
E me esqueço do começo disso
Mas amanhã,
menina morena do mundo
bronzeada até os ossos
O sono é seu e o sonho é nosso

Hoje acordei descontente
Gritando otimista:
Eu posso.

Hoje o tempo anda mais lento
E a noite escorre tinta
Picha o mundo de surpresas
E me rasga como um trapo

Hoje à noite
Eu não escapo

Dedico tudo ao mundo
Mesmo ele assim
Tão indiferente

Dedico-me ao incontento
Ao desagrado

Sagrados mesmo só meus dedos amarelos

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Carta de Luiz Camilo Osório, Diretor do MAM - RJ

Sobre percepções de como qualificar intensidades de uma conjuntura político performática com a dinâmica de um Departamento de Artes e sua vocação de "formar artistas".

Caro amigo,

     Obrigado pelo envio do material e por me deixar a par dos acontecimentos. Teria pouco a escrever nesta correria desenfreada de final de semestre mas não poderia deixar de me solidarizar com a causa dos alunos do Departamento de Artes. Vivemos um momento importante de nossa história política e não podemos fingir que as coisas não estão acontecendo. Isso seria o mesmo que achar que o levante de junho foi um espasmo sem consequências. Não foi. Seu futuro está sendo construído em todo o país. A Escola de Arte da UFRN é um capítulo a mais nesta história.
     Ter uma faculdade de arte, desenvolver uma escola de arte, é abrir-se ao imponderável e ao risco, assumir um espaço de convivência plural onde a potência criativa estará sempre irmanada a uma energia que incorpora excessos e não se delimita pelo impulso da prudência. Criar é imprudente. É pôr-se no limite do possível e saber o quanto de rigor é necessário para aí se manter. Há que se ensinar o fracasso, sem ele o possível é repetição sem diferença. O fracasso está na origem do novo e é superado, sem ser negado, pelo gesto potente que cria. Fazer uma escola de arte é fazer um espaço de convivência experimental em que os alunos não temem o fracasso; só assim saberão do rigor e da força necessária para a arte, para aquilo que a artista Lygia Clark chamava de Estado de Arte sem Arte.
     Vendo estas imagens que você me enviou lembrei-me do Corpobra do Antonio Manuel. Pequeno relato. Tendo sido negada sua participação em um salão de arte no MAM - Rio em 1970, o artista não se fez de rogado. Na abertura da exposição, realizou sua performance no interior do museu. Despiu-se. Pôs o próprio corpo à prova, desnudou-se perante a força normativa que disse Não a sua participação. Era a ditadura e os gestos tinham consequências pesadas. Saiu do museu e foi se esconder na casa da Diretora Niomar Muniz Sodré. O crítico Mario Pedrosa, foi ao seu encontro. Numa entrevista gravada entre os dois naquela noite, Pedrosa teria dito duas frases que estão entre as mais citadas em nossa história da arte: 1 - que aquele gesto do Antonio cumpria o sentido maior da atitude criativa e política de sua geração: fazer da arte um exercício experimental de liberdade. 2 - que aquele gesto - o despir-se, o corpobra - evidenciava o quanto a arte era uma forma de resistência à entropia civilizacional. Viver a fragilidade. Assumir a atitude enquanto forma; forma poética, forma crítica, forma política. Quarenta e tantos anos depois, já consagrado e parte da história, Antonio prepara uma exposição que abre agora dia 12 de dezembro de 2013 no mesmo MAM.
     Um último ponto, talvez com inspiração prudencial. Há que se saber os momentos de avançar e de recuar, de assumir com coragem nossas posições e negociar abertamente em nome da diversidade, da pluralidade e do movimento. Reconquistar o jardim como espaço de convivência pode implicar concessões para que sigam acontecendo possibilidades de encontros bons e criativos - que é a razão de Ser de uma Escola de Arte.

Abraços,
Luiz Camillo Osorio

Sobre a Okupação no Departamento de Artes da UFRN
Luiz Camilo Osório, Diretor do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e Professor de Estética Filosófica da PUC do RJ.

domingo, 17 de novembro de 2013

DOCUMENTOS DE NEGOCIAÇÃO

         Hoje às 15h o #oKupaGardeN recebeu o Sr. Prof. Herculano Ricardo Campos e o ouvidor Joseleno Marques no intuito de negociar a desocupação, no entanto, após o recebimento e a leitura do PARECER SOBRE A OCUPAÇÃO ARTÍSTICA DO DEPARTAENTO DE ARTES e do TERMO DE ACORDO, os senhores representantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte nada disseram, se não um "Boa Sorte!" 

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.:: Seguem os documentos da negociação ::. 



NATAL, RN, 16/11/2013.

PARECER SOBRE A OCUPAÇÃO ARTÍSTICA DO DEPARTAENTO DE ARTES – “OkupaGarden” , iniciada em 07 de Novembro de 2013 - em negociação:


            “Comunicar os desejos imaginados e as imagens desejadas é a tarefa mais difícil. Por isso a postergamos. Até o momento em que começamos a compreender que ficará para sempre não cumprida. E que o desejo inconfessado somos nós mesmos para sempre na cripta.”
(Agamben, Giorgio, 1942 – “Profanações” )

O material entregue pelo professor Herculano Campos não constitui documento, pois não traz o timbre do Centro de Ciências Humanas Letras e Artes, não estabelece prazos para o que se propõe a encaminhar e não tem em anexo os ofícios que demonstram a veracidade do que está dito como providenciado. Seguem em anexo a primeira proposta assim como a resposta informal e particular às solicitações.

Ainda assim a carta informal entregue não atende às solicitações básicas visto que:
0)    O documento redigido pelo professor Andruchack foi entregue, porém, não foi publicado no SIGAA para ciência da comunidade acadêmica geral e, portanto, ainda não atende à solicitação.
1)    Ver tópico 2.
2)    Entendemos que a discussão dos Projetos Politico-Pedagógicos (doravante identificados por PPPs) pode sim garantir o respaldo solicitado em 1 (reiterando a nível de informação a garantia dos espaços de manifestação artística – ex.: paredes, corredores etc), no entanto a solicitação da constituição de comissões de revisão destes projetos (solicitadas no tópico 2) não se mostra atendida na carta informal de Prof. Herculano e, portanto, ainda não atende à solicitação.
3)    Os encaminhamentos descritos na resposta ao tópico 3 não seriam totalmente suficientes pois falta a adaptação do teto das salas práticas que é muito baixo, o concerto do piso que é inapropriado assim como a finalização do prédio anexo que encontra-se inconcluso. Além disto, não faz parte de um documento público e oficial nos padrões da UFRN, mas como se encontram numa carta informal impressa em tinta azul e sem o cabeçalho do CCHLA ou DEART e nenhum tipo de carimbo oficial, ainda não atendem à solicitação.
4)    Os encaminhamentos descritos na resposta ao tópico 4 seriam suficientes se acompanhados do ofício onde a BCZM disponibilizaria a referida bibliotecária e fizessem parte de um documento público e oficial nos padrões da UFRN, mas como se encontram numa carta informal impressa em tinta azul e sem o cabeçalho do CCHLA ou DEART e nenhum tipo de carimbo oficial, ainda não atendem à solicitação.
5)    Os encaminhamentos descritos na resposta ao tópico 5 assim como a autorização (incipiente de publicação) constante na carta particular do Prof. Andruchak atenderiam, mas como se encontram numa carta informal impressa em tinta azul e sem o cabeçalho do CCHLA ou DEART e nenhum tipo de carimbo oficial, ainda não atendem à solicitação.
6)    Os encaminhamentos descritos na resposta ao tópico 6 seriam suficientes se acompanhados dos respectivos ofícios da Superintendência de Infraestrutura, da direção do CCHLA bem como os prazos para a conclusão de tudo (impreterivelmente antes do início do próximo semestre letivo), porém sequer fazem parte de um documento oficial, pois se encontram numa carta informal impressa em tinta azul e sem o cabeçalho do CCHLA ou DEART e nenhum tipo de carimbo oficial, portanto não atendem à solicitação.
7)    Os encaminhamentos descritos na resposta ao tópico 7 atenderiam às solicitações, se acompanhadas dos devidos prazos e se constituíssem parte de um documento oficial, mas como se encontram numa carta informal impressa em tinta azul e sem o cabeçalho do CCHLA ou DEART e nenhum tipo de carimbo oficial, portanto não atendem à solicitação.
8)    O apoio e viabilização concedidos pelo CCHLA atenderiam à solicitação feita no tópico 8, porém não compõe parte de um documento público e oficial nos padrões da UFRN, mas como se encontram numa carta informal impressa em tinta azul e sem o cabeçalho do CCHLA ou DEART e nenhum tipo de carimbo oficial, ainda não atendem à solicitação.
9)    A resposta à solicitação feita no tópico 9 diz que há bolsas, sabemos disto, o que a solicitação demanda é a ampliação em número e variedade. Portanto não atende em nenhum aspecto à solicitação referida.
10) A resposta à solicitação do tópico 10 não é atendida, pois diz que “os processos seletivos aludidos já estão em andamento...”. De fato podem estar, mas certamente não os aludidos, visto que trazem a seguinte ressalva: “Experiência profissional que atenda as necessidades autênticas do curso ou conteúdo a que se destina a vaga...”.
11) A resposta ao tópico 11 não contempla, em dimensão alguma, a solicitação feita, que demanda isenção total dos participantes da ocupação de quaisquer processos administrativos ou judiciais através de um documento oficial anistiando todas as intervenções artísticas feitas no espaço do departamento até então. Esta solicitação é irredutível.


Para reforço de conhecimento, os termos de desocupação (que é, sobretudo, do nosso interesse) são os que seguem:

TERMO DE ACORDO

Nós, estudantes e artistas reunidos em prol da recente ocupação do prédio do Departamento de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DEART-UFRN), vimos esclarecer os pontos anteriormente pautados em documento protocolado e encaminhado às instâncias superiores, afim de, diante dos recentes acontecimentos acima aqui registrados, acordar os seguintes pontos como compromisso dos gestores desta universidade enquanto prerrogativas para que ocorra a desocupação do mencionado prédio:

0.    Imediata retratação pública por parte do Ilmo. Sr. Marcos Alberto Andruchak, Chefe do Departamento de Artes da UFRN, encaminhada a cada aluno da instituição pelo Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA), de forma a esclarecer o equívoco da retaliação administrativa.
0.1.        A mencionada retaliação trata-se do saque, desmanche e ataque ao espaço de convivência autônomo do DEART denominado Garden, que teve seus materiais removidos – fossem eles poltronas cedidas pelo Departamento de Material e Patrimônio e portanto tombados, ou não-tombados e reciclados, ressignificados pelos artistas.
1.    Reconhecimento da identidade artística dos alunos e professores do Departamento de Artes, assim como uma maior apropriação do universo da criação e expressão artística (tudo que engloba a licença poética), garantindo-lhe espaços de manifestação.
1.1.        Entendam-se como espaços de manifestação a estrutura física do Departamento, seu ambiente, entornos e objetos, desde que não comprometam diretamente outras atividades inerentes à natureza de seus cursos sem prévia autorização.
2.    A constituição de comissões de revisão dos Projetos Político-Pedagógicos dos Cursos do Departamento, vislumbrando uma maior busca e desenvolvimento da identidade artística.
3.    Planejamento e construção de infraestrutura hábil a atender às necessidades de criação e expressão artística de discentes e docentes dos cursos.
4.    Instalação de biblioteca setorial, com renovação/ampliação de acervo e serviço completo de atenção aos usuários, nos três turnos de funcionamento das atividades acadêmicas.
5.    Restauração do espaço de convívio de alunos no entorno do Departamento, denominado Garden.
5.1.        São imprescindíveis para tal a independência de intervenção no espaço e o acesso ao material do Departamento de Material e Patrimônio, por meio de um professor responsável, conforme discutido em reunião do dia 14/11/2013.
6.    Oferta de serviços de reprografia no prédio do Departamento, incluindo-se nos termos de referência de processos licitatórios a previsão de atendimento a todos os setores e espaços de desenvolvimento de atividades acadêmicas da Universidade.
7.    Ampliação da oferta de cursos de formação continuada, sobretudo Strictu Sensu (mestrado e doutorado), nas diversas áreas ligadas às artes.
8.    Planejamento de Política de Divulgação Artística e Científica para o Departamento de Artes, com criação de periódicos que contemplem a produção de docentes e discentes dos cursos.
9.    Ampliação de políticas de bolsas de estudos no âmbito da Graduação e Pós-Gradução.
10.  Realização de processos seletivos para professores efetivos com requisitos acadêmicos e de experiência profissional que atendam às necessidades autênticas do curso ou conteúdo a que se destina a vaga objeto do concurso público.
11.  Garantia legal que não haverá retaliação de nenhum tipo (criminal e/ou administrativa) à ocupação ou qualquer intervenção, experimento, teste, ensaio ou estudo realizado no Departamento de Artes anteriormente e durante a ocupação.
11.1.      As principais intervenções ditas neste ponto remetem diretamente às pinturas de naturezas diversas e performances no ambiente do DEART, deixando claramente que as mesmas não configuram-se como objeto de processos administrativos ou judiciais – para tanto é necessária a publicação de documento oficial específico que garantam a isenção de responsabilidade por parte dos envolvidos na ocupação.

Portanto, os abaixo-assinados firmam acordo e se comprometem a atender os pontos deste termo, providenciando toda a documentação oficial necessária solicitada assim como sua publicação, para somente então se configurar a desocupação. Fica expresso que o movimento, docentes, discentes, funcionários e demais interessados acompanharão o desenrolar das ações e processos, principalmente quanto ao cumprimento dos prazos.



Natal, RN, ____ de ________________ de 2013.





Marcos Alberto Andruchak
Chefe do Departamento de
Artes da UFRN

Herculano Ricardo Campos
Diretor do Centro de
Ciências Humanas, Letras e
Artes da UFRN

Ângela Maria Paiva Cruz
Reitora da UFRN



Tendemos a acreditar, após 10 (Dez) dias de ocupação, que a real aproximação do universo artístico – tão plural, instável, em constante e perpétua transformação - do universo das relações interpessoais cotidianas que, afinal, permitem a formação do sujeito – mas que por sua vez, reivindicam estabilidade, “normalidade” e condições taxativas para sua manutenção de interesses de distribuição desigual de poderes hierárquicos - é tarefa que exige a compreensão de diferentes percepções dos indivíduos, seus interesses comunicacionais, seu aparato e domínio de determinadas linguagens e até mesmo suas dificuldades nos campos da convivência, normatizada em nosso campus universitário por parâmetros sociais embasados nos resquícios da fundação militar do ensino. Aproximação que exige, ainda, o entendimento de novos suportes e meios para a reivindicação de mudanças.
Declaramo-nos insatisfeitos e desapontados pela postura tomada pelo Ilmo. Sr. Prof. Herculano Ricardo Campos, diretor do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da UFRN e pelo Ilmo. Sr. Marco Alberto Andruchak, chefe do departamento de Artes da UFRN que, em carta, conversas, reuniões e plenária proferiram repetidas calunias ao referirem-se ao espaço de convivência e produção artística que foi saqueado, tendo a produção artística, estudos, anotações e objetos que antes estavam abandonados reciclados e esteticamente significados sorrateiramente removidos e descartados como lixo inútil no dia 07/11/2013, (tomando-o como situação desconhecida do chefe de departamento, inclusive na tentativa pífia de retratação que foi lida em reunião com os alunos, porém nunca oficializada no sistema integrado de gestão acadêmica), e ao responsabilizar a ocupação em andamento pela paralisação dos serviços essenciais à atividade acadêmica, ocorrida na Quinta Feira, 14/11/2013, tais como as aulas e o trabalho burocrático nas salas da chefia e outras, de infraestrutura, que foram esvaziadas de funcionários sem autorização oficial, mas justificada por uma carta assinada por funcionários que “sentiram-se ameaçados”, como se isso bastasse para abandonar qualquer trabalho; Criando ainda um agravante às negociações, pois embora ameaça alguma tenha ocorrido e as solicitações da ocupação sejam por mais trabalho, mais dialogo e mais interação de todos com nossa casa, esse boato infame serviu ao afastamento de alunos frequentadores das dependências que supervalorizam as intenções de frustrar essa que é, nossa verdadeira intenção: um departamento de verdade e que funcione em favor da arte.
Na quinta feira, o mesmo departamento foi, mais uma vez, sucateado, sendo impedido o acesso à rede de internet ou o acesso a qualquer sala, devido a misteriosa retirada das chaves do quadro da secretaria, já que nenhum dos administradores assume a responsabilidade, inclusive, pela não permissão da entrada de um técnico em informática para solucionar o problema de conexão com a rede de internet, que ficou desativada até o dia 16, quando redigimos esta carta.
Quando recebemos, no dia 15/11/2013 a visita informal e descontraída do Ilmo. Sr. Prof. Herculano Ricardo Campos e do ouvidor Joseleno Marques aos corredores ocupados, fomos solicitados a redigir uma resposta à carta não oficial, redigida pelo Diretor, que só foi assinada dia 16/11, em uma nova visita do Diretor e após solicitação dos ocupantes. Nessa segunda visita, o Ilmo. Sr. Prof. Herculano Ricardo Campos, diretor do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da UFRN “aconselhou”, reforçando diversas vezes em tom exaltado e punitivo “desocupar imediatamente esse lugar” seguindo da seguinte ameaça: “amanhã vou voltar e não estarei sozinho”.
Dedicamos esta mensagem didática e modulada por essa burocracia alheia ao nosso real cotidiano, interessados que estamos em retomar o curso de nossas vidas sem o constrangimento de frequentar uma escola censurada e sob ameaças covardes, em reaver o desenrolar das atividades acadêmicas, em promover a livre expressão e vê-la tomar conta do departamento de artes para, quem sabe, presenciarmos um nível mais apurado em temperos estéticos do que em gostos pessoais nos próximos debates sobre nossa educação; Interessados que estamos em avançar ao tempo em que não tenhamos mais que dedicar nossas palavras ao requerimento e à negociação sob ameaças de necessidades tão básicas de convivência como água potável ao alcance, itens de higiene básica (papel, sabão, etc), descriminalização da expressão artística por parte de professores e alunos – questões tão básicas e urgentes, assim como um plano de ensino coeso e a sinceridade e transparência administrativa. Com estes interesses é que vimos, por meio de mais esta carta, estabelecer outra tentativa de acordo que contemplaria o início desse complicado desafio: edificar um departamento atual, que vislumbre verdadeira excelência e superioridade no ensino das artes.
Natal, o Rio Grande do Norte, o Brasil, a comunidade acadêmica, o ensino, as artes e, primordialmente Nós - comunidade interessada reunida em torno deste debate, professores, funcionários, ocupantes e simpatizantes, ou mesmo aqueles que não entenderam ainda a importância e a relevância desta situação arcaica em que a administração se encontra – todos, enfim, merecemos mais.

Esperançosamente

Comitê temporário de assuntos urgentíssimos.


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O documento redigido pelo professor Andruchak foi entregue, porém, não foi publicado no SIGAA para ciência da comunidade acadêmica geral.

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O material entregue pelo professor Herculano Campos não constitui documento, pois não traz o timbre do Centro de Ciências Humanas Letras e Artes, não estabelece prazos para o que se propõe a encaminhar e não tem em anexo os ofícios que demonstram a veracidade do que está dito como providenciado.



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 Aguardamos respostas!!!

Esperançosamente
Comitê temporário de assuntos urgentíssimos.